14 de janeiro de 2016
Primeira grande epidemia de zika no mundo acontece no Brasil, diz infectologista
Um dos mais respeitados infectologistas do país, o professor e ex-diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e coordenador de Controle de Doenças da Secretaria da Saúde de São Paulo, Marcos Boulos, acredita que o país vive atualmente a maior epidemia já registrada no mundo por vírus zika.
O especialista defendeu o combate sistemático ao mosquito Aedes aegypti, transmissor não apenas do vírus zika, mas também da dengue e da febre chikungunya. Para ele, as prefeituras brasileiras erraram ao não manterem um grupo técnico permanente de controle do vetor.
Boulos lembrou que a infecção por zika, até então, era considerada uma doença mais branda que a própria dengue, já que causa febre baixa, manchas pelo corpo que desaparecem em dois ou três dias e quadros clínicos menos graves, que dificilmente levam à morte. Foi a correlação da doença com casos de microcefalia em bebês que levantou a bandeira vermelha.
O infectologista destacou que, em todos os locais onde foi registrado surto do vírus zika, como na Polinésia Francesa e em algumas pequenas cidades da África, o cenário não se repetiu posteriormente. “Se isso acontecer, até que não vai ser tão ruim assim. Vamos passar por um momento epidêmico importante e, depois, é provável que exista uma calmaria.”
“Precisamos conhecer melhor o zika para saber no que ele pode se transformar. Estamos assustados com os para-efeitos, as coisas que estão acontecendo por causa do zika”, disse. “É preocupante as pessoas quererem engravidar sabendo que, se houver zika, podem, eventualmente, ter uma criança com problemas e isso vai atrapalhar a vida e o desenvolvimento dessa família.”
O Ministério da Saúde só tem divulgado o número de casos em que há suspeita de que o recém-nascido tem microcefalia relacionada ao vírus zika. Os bebês têm o quadro confirmado ou descartado depois que passam por exames neurológicos e de imagem, como a ultrassonografia transfontanela e a tomografia.
Jornalística Tribuna do Norte