21 de junho de 2016
PE inclui alterações neurológicas e visuais em novo protocolo sobre zika
Pernambuco pretende divulgar seu terceiro protocolo sobre o vírus da zika nos próximos 15 dias. Tratando não só a microcefalia como sua maior consequência, o novo documento incluirá uma série de problemas associados a essa arbovirose como dificuldades visual e auditiva, além de alterações neurológicas. O "Protocolo Clínico e Epidemiológico da síndrome do zika congênito" ainda definirá a rede de assistência a esses bebês.
As informações foram apresentadas nesta segunda-feira (20), durante um seminário realizado em um hotel em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Participam do encontro, que vai até terça-feira (21), representantes da Secretaria Estadual de Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e do Ministério da Saúde.
O objetivo do evento é atualizar os profissionais das redes municipais e estadual sobre a situação da microcefalia e da zika no Brasil e no mundo. No encontro, será possível compartilhar experiências eficazes no combate ao Aedes aegypti.
Segundo o diretor do departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, houve redução nos casos de zika em gestantes também nos casos de microcefalia. Por isso, o mais importante, nesse momento, é rever toda a estratégia adotada ao longo desse quase um ano de enfrentamento do problema.
"Também devemos discutir novas estratégias de prevenção e controle, em especial na mudança da vigilância no caso de detecção não só no caso de microcefalia, mas de crianças que tenham alterações no sistema nervoso central bem como outras má formações. Temos que ampliar tudo que já foi levantado", frisou.
A última descoberta feita pela Fundação Altino Ventura, uma entidade pernambucana, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) também estará no novo protocolo. "Não só as crianças com microcefalia apresentam problemas visuais. Essa informação nos ajudou a compor essa síndrome. Agora, toda criança que a mãe teve zika vai fazer o teste oftalmológico completo", afirma a secretária executiva de Vigilância em Saúde do estado, Luciana Albuquerque.
Ao contrário dos documentos anteriores, segundo ela, essa será a primeira vez que o estado tratará no protocolo da rede de assistência a esses bebês afetados pela arboviroses. "Esse protocolo tem foco também na reabilitação que ficamos devendo no protocolo passado. Ele determina que crianças fariam a reabilitação e qual é a rede de reabilitação no estado. É mais para colocar no papel o que já estamos fazendo", explicou a secretária executiva.
Para Luciana Albuquerque, não há necessidade de fazer alterações em alguns diagnósticos já determinados. O perímetro cefálico estabelecido para determinar se uma criança é portadora de microcefalia, por exemplo, permanece. É de 31,9 centímetros para os meninos e 31,5 centímetros para as meninas. "Deixamos de tratar simplesmente da microcefalia e agora nós olhamos para a síndrome do zika congênito, que vai além da microcefalia, traz outras alterações. O protocolo traz esse tom mais amplo", detalhou.
"A proposta inicial sempre foi descentralizar o atendimento e diminuir a distância percorrida das mães e bebês em busca do atendimento e, principalmente, da reabilitação, que é um processo contínuo e para vida toda. Antes, essa mães percorriam um média de 400 quilômetros em busca de atendimento. Com essas novas unidades, serão 60 quilômetros", pontuou a secretária executiva de Atenção em Saúde do estado, Cristina Mota.
Quanto ao vírus da zika, o número de pacientes que tiveram o diagnóstico confirmado permaneceu inalterado, com 23 confirmações no estado, assim como o de suspeitas descartadas, que se mantém em 171. O que mudou foi o número de notificações da zika, com 135 a mais.
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