02 de fevereiro de 2017
Fumo passivo: cigarro pode ser prejudicial até para quem não é fumante

O tabaco é responsável por cerca de seis milhões de mortes em todo o mundo. No Brasil, estima-se que o tabagismo seja responsável por 200 mil óbitos ao ano. O tabagismo é, reconhecidamente, uma doença crônica — resultante da dependência à droga nicotina — e um fator de risco para cerca de 50 doenças, dentre elas, câncer, DPOC e doenças cardiovasculares.
Além de estar associado às doenças crônicas não transmissíveis, o tabagismo também é um fator de risco importante para o desenvolvimento de outras doenças, tais como tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras doenças.
Mas se você pensa que somente os fumantes estão sujeitos a tantas doenças e problemas, está enganado. A fumaça que sai da parte acesa do produto contém os mesmos compostos tóxicos e cancerígenos que a fumaça tragada pelo fumante, porém em níveis bem mais elevados: três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas. Ou seja, o cigarro é maléfico também para quem fica exposto à fumaça, o chamado fumante passivo.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Poluição Tabagística Ambiental é a maior fonte de poluição em ambientes fechados e o tabagismo passivo, a terceira maior causa de morte evitável no mundo, perdendo apenas para o tabagismo ativo e o consumo excessivo de álcool. Os não-fumantes que ficam expostos à fumaça do tabaco podem ter problemas que variam de acordo com faixa etária ou, no caso das mulheres, se estiverem grávidas.
Gestantes: maior chance de o bebê nascer prematuro ou do bebê nascer com baixo peso
Bebês: maior o risco de morte súbita infantil, aumento do risco de desenvolver doenças respiratórias
Crianças: aumento da frequência de resfriados e infecções do ouvido médio e aumento do risco de desenvolver doenças respiratórias como pneumonia, bronquites e intensificação da asma
Adultos: maior o risco de desenvolver doenças relacionadas ao tabagismo, proporcionalmente ao tempo de exposição à fumaça, como câncer de pulmão e infarto do coração
Fumantes passivos também sofrem os efeitos imediatos da chamada poluição tabagística ambiental. Entre eles: irritação nos olhos, manifestações nasais, tosse, cefaleia, aumento de problemas alérgicos, principalmente das vias respiratórias, aumento do número de infecções respiratórias em crianças e elevação da pressão arterial.
De acordo com estudo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e pelo Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), pelo menos 2.655 indivíduos não fumantes expostos involuntariamente à fumaça do tabaco morrem a cada ano no Brasil. Ou seja, sete pessoas a cada dia e a maioria das mortes ocorre entre mulheres (60,3%).
E esse número pode ser bem maior! O estudo considerou apenas as três principais doenças relacionadas ao tabagismo passivo: câncer de pulmão, doenças isquêmicas do coração (como infarto) e acidentes vasculares cerebrais e considerou como fumantes passivos as pessoas que nunca fumaram e que moravam com pelo menos um fumante no mesmo domicílio. Ou seja, não considerou os não-fumantes expostos nos ambientes de trabalho, onde a exposição pode ser ainda maior.