11 de julho de 2017
Resistência a antibióticos tem tornado alguns casos de gonorreia impossíveis de tratar
A cada ano, estima-se que 78 milhões de pessoas sejam infectadas com gonorreia. A doença, é uma infecção comum transmitida sexualmente, mas que está se tornando cada vez mais difícil de se tratar. Dados de 77 países mostram que a resistência aos antibióticos está tornando o tratamento da doença não só mais difícil como, algumas vezes, impossível. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há registro de resistência generalizada a antibióticos mais antigos e mais baratos.
Alguns países – particularmente os de alta renda, onde a vigilância é melhor – estão encontrando casos de infecção que não podem ser tratados por nenhum antibiótico conhecido. De acordo com a OMS, esses casos podem ser apenas a ponta do iceberg, uma vez que faltam sistemas para diagnosticar e registrar infecções intratáveis em países de baixa renda, onde a gonorreia é mais comum.
Contribuem para esse aumento a diminuição do uso do preservativo, o crescimento da urbanização e das viagens, baixas taxas de detecção de infecção e tratamento inadequado ou falho. Portanto, para prevenção a OMS recomenda um comportamento sexual mais seguro, em particular o uso consistente e correto do preservativo. A gonorreia pode infectar genitais, reto e garganta. As complicações da doença afetam desproporcionalmente as mulheres, incluindo doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica e infertilidade, bem como um risco maior de HIV.
Monitoramento de resistência a medicamentos
O programa mundial de vigilância antimicrobiana gonocócica da OMS (WHO GASP, em inglês) monitora as tendências da gonorreia resistente aos medicamentos. Os dados do WHO GASP de 2009 a 2014 encontram resistência generalizada à ciprofloxacina (97% dos países que relataram dados naquele período encontraram cepas resistentes a drogas); aumento da resistência à azitromicina (81%); e o surgimento de resistência ao atual tratamento de último recurso: cefalosporinas de espectro prolongado (ESC, na sigla) cefixima oral ou ceftriaxona injetável (66%).
Atualmente, na maioria dos países, as cefalosporinas de espectro prolongado são o único antibiótico que permanece efetivo no tratamento da gonorreia. Mas a resistência à cefixima – e mais raramente à ceftriaxona – já foi relatada em mais de 50 países. Como resultado, a OMS emitiu recomendações atualizadas de tratamento global em 2016, aconselhando os médicos a darem dois antibióticos: ceftriaxona e azitromicina.